Covid 20
Por Marcio Aurelio Soares
Não errei no título. A Covid 19 é assim intitulada porque tem-se o consenso de usar a língua inglesa no mundo científico: “Coronavirus disease”, causada pelo vírus Sars Cov 2, no ano de 2019.
Faço, com o título, uma provocação para pensarmos sobre as complicações deste “novo” coronavírus.
Por mais polêmicas que temos vivido nestes últimos tempos, está estabelecido que o tratamento precoce não existe, mas, sim, prevenção e diagnóstico precoces. Tudo aconteceu de repente; por mais avisos sanitários que a OMS (Organização Mundial da Saúde) tenha dado, a ciência não tinha dimensão real do tamanho do problema que iríamos enfrentar.
Achávamos que a endemia não passaria de uma gripezinha, passível de bloqueio tomando os cuidados básicos indicados, comuns às viroses respiratórias, como evitar lugares fechados e lavar as mãos. Mas, rapidamente, ela se mostrou muito virulenta; e, associado à inércia, e até ao deboche do presidente da República, milhares de vidas continuam sendo perdidas. Está claro, e sempre esteve, que a vacinação em massa é a estratégia epidemiológica mais impactante. Quanto mais pessoas são vacinadas, maior bloqueio de transmissão, menos pessoas doentes.
Ainda falta muito. Menos de 70% dos brasileiros tomaram a 1ª dose e nem 35% foram completamente vacinados. É muito pouco. Precisamos, o mais rápido possível de, pelo menos, 80% de pessoas completamente vacinadas, incluindo aquelas que terão que tomar a dose de reforço.
Não dá para relaxar completamente. Sem exageros dramáticos. Não será negando a realidade que a enfrentaremos. As medidas de flexibilização foram tomadas por nossos governantes e não cabe mais discuti-las, a não ser a responsabilidade de cada um.
E ainda temos que falar sobre a “Síndrome Pós-Covid”, também chamada de “Covid Longa”, um conjunto de sintomas persistentes e sequelas que atinge parte das pessoas que teve Covid-19 e que podem durar meses, gerando impacto na saúde e na execução de atividades do dia a dia.
São mais de 50 os sintomas persistentes listados pelas equipes médicas em paciente pós-Covid: fadiga, falta de ar, fibrose nos rins, perda de olfato e paladar, ansiedade e depressão, dificuldade de concentração, diarreia, insônia, coceiras e erupções, agravamento de doenças pré-existentes; e, a principal delas, a trombose, que ocorre desde a fase aguda.
A Covid-19 aumenta o risco de ter trombose porque promove anormalidades na coagulação. E isso facilita a formação de coágulos por um mecanismo ainda não totalmente esclarecido. Se ela ocorre em vasos do cérebro, chamamos de derrame ou acidente vascular cerebral. Quando essa manifestação se dá no coração, nas artérias coronárias, é chamada de infarto agudo do miocárdio. E quando acontece no pulmão, tem o nome de embolia pulmonar.
Estamos longe de ganharmos esta batalha, mas já conhecemos bastante sobre essa doença. Estarmos atentos e fortes, é preciso; como disse o poeta. Darmos a credibilidade aos nossos profissionais assistencialistas e pesquisadores é necessário.
*Marcio Aurelio Soares é médico.
Coluna do Jornal da Orla:
https://www.jornaldaorla.com.br/noticias/50328-covid-20/
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