E tudo começou com uma mera ponta! Parte 2
MarioEfeGomes Jr*
Como já havia antecipado na coluna anterior, sigo comentando aspectos do início da carreira de alguns astros e estrelas queridos por todos, como é o caso de Julia Fiona Roberts, ou simplesmente Julia Roberts, que aos 17 anos mudou-se para Nova Iorque para tentar uma carreira artística. Antes de se tornar modelo, trabalhou em uma loja de sapatos e numa sorveteria. Tudo que ganhava nessas atividades investia em cursos de interpretação. Sua estréia na TV foi em 1987, na série policial “Crime Story”, de Chuck Adamson e Gustave Reininger. A primeira aparição no cinema foi na comédia dramática “Firehouse” (1987), de J. Christian Ingvordsen, em que fez uma ponta não creditada. Seu primeiro papel importante foi em “Flores de Aço” (1989), de Herbert Ross, comédia dramática em que, contracenando com as estrelas Shirley MacLaine, Sally Field e Dolly Parton, foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Logo viria a consagração no papel da garota de programa “Vivian” em “Uma Linda Mulher” (1990), de Garry Marshall, comédia dramática ligeiramente inspirada na peça “Pigmalião”, escrita em 1913 por Bernard Shaw. Desde então, Julia Roberts foi indicada mais duas vezes ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante e recebeu a estatueta na categoria Melhor Atriz pelo drama biográfico “Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento” (2000), de Steven Soderbergh, em que fez o papel-título e pelo qual também recebeu o prêmio BAFTA (a mais importante premiação britânica de TV e Cinema). A lindona tem ainda três Globos de Ouro para enfeitar a cornija da sua lareira!
John Joseph Travolta (desnecessário grafar seu nome artístico) conseguiu seu primeiro trabalho profissional aos 16 anos, numa das versões da peça musical “Bye Bye Birdie” (1959), de Michael Stewart. Sua primeira aparição na TV foi uma pequena ponta no telefilme “The Tenth Level” (1976), de Charles Samuel Dubroneviski, drama estrelado por William Shatner, o eterno “Capitão Kirk” da cultuada série “Jornada nas Estrelas”. Considero curioso registrar que o ator Willian Shatner, em 13.10.2021, aos 90 anos, a bordo da espaçonave Blue Origin do bilionário Jeff Bezos, se tornou a pessoa mais idosa da história a fazer um vôo suborbital (perdão pelo trocadilho infame, mas parafraseando a célebre frase de abertura da referida série que Shatner protagonizou: “... audaciosamente indo onde nenhum ‘idoso’ jamais esteve!”). Na sequência, já alçado a protagonista, John Travolta estrelou o drama “O Menino da Bolha de Plástico” (1976), de Randal Kleiser, telefilme que obteve ótimas críticas e boa repercussão, inspirado na história real de um adolescente que, devido a problemas imunológicos, vive num ambiente esterilizado em formato de bolha. Sua estréia na telona foi no suspense/terror “Carrie – A Estranha” (1976), de Brian De Palma, num papel secundário, mas suficiente para chamar atenção de Hollywood e obter novos convites. A consagração viria com “Os Embalos de Sábado à Noite” (1977), de John Badham. No papel de “Tony Manero”, trajando o indefectível terno branco, colete idem e camisa preta de gola longa (sem gravata), Travolta se tornou ídolo da “geração discoteca”. O filme conta ainda com a irresistível trilha sonora dos irmãos Gibb, integrantes do trio para lá de famoso “Bee Gees”. Foi uma verdadeira febre! Confesso ter assistido na telona a umas cinco ou seis exibições, todas no mesmo mês, sendo duas em sessões consecutivas! Na sequência, ao lado de Olivia Newton-John, estrelou outro arrasa-quarteirão: “Grease – Nos Tempos da Brilhantina” (1978), de Randal Kleiser, adaptação do sucesso musical da Broadway ambientado na Califórnia de 1959. A seguir viriam outros grandes sucessos. Travolta, entre outras premiações, possui uma estrela na Calçada da Fama, localizada em Hollywood Boulevard.
Mary Louise Streep, que ficou mundialmente famosa como Meryl Streep (foto), teve uma sólida formação artística. Graduou-se em teatro dramático em 1971 no Vassar College, uma das mais antigas e renomadas instituições de ensino de arte dos EUA. Fez mestrado em Artes Dramáticas na Universidade de Yale, sendo que nesse período participou de diversas montagens teatrais amadoras. Sua estréia profissional foi um pequeno papel na peça “Trelawny of the Wells” (1975), de A. J. Antoon, e seguiu atuando nos teatros até o início dos anos 1980. Sua estréia no cinema foi em “Julia” (1977), de Fred Zinnemann, igualmente num pequeno papel. Sua primeira personagem de maior destaque foi “Inga Helms Weis” na minissérie de TV “Holocausto” (1978), de Marvin J. Chomisky, pela qual recebeu o prêmio Emmy de Melhor Atriz, o primeiro de sua carreira. De lá para cá Meryl Streep recebeu inúmeras premiações. Só no Oscar é a recordista absoluta com 21 indicações, tendo recebido 3 estatuetas, uma na categoria Melhor Atriz Coadjuvante e duas como Melhor Atriz Principal. É considerada por parte da crítica como “a melhor atriz norte-americana de todos os tempos”!
Richard Tiffany Gere (que na carreira artística suprimiu o sobrenome materno) nasceu na Filadélfia e cresceu numa fazenda próxima a Syracuse, cidade do Estado de Nova Iorque. Richard Gere cursou filosofia na Universidade de Massachusetts e antes mesmo de atuar participou de diversas bandas de rock. Iniciou a carreira teatral em musicais da Broadway. Após uma temporada em Londres, retornou para Nova Iorque e fez sua estréia no cinema num papel de pouca repercussão no drama policial “Perigo (Report to the Commissioner)” (1975), de Milton Katselas. Na sequência participou de “A Procura de Mr. Goodbar” (1977), de Richard Brooks. Seus três primeiros filmes de destaque foram “Cinzas no Paraíso” (1978), de Terrence Malick, “Gigolô Americano” (1980), de Paul Schrader, e “A Força do Destino” (1982), de Taylor Hackford, curiosamente interpretando personagens inicialmente oferecidos a John Travolta que, por motivos diversos, recusou a todos esses papéis. Seu primeiro grande sucesso foi “Uma Linda Mulher” (1990), de Garry Marshal, que o consolidou como um dos maiores astros de Hollywood. Ao longo de sua carreira Richard Gere obteve diversas indicações e recebeu premiações importantes tais como o Globo de Ouro de Melhor Ator em Comédia Musical por “Chicago” (2002), de Rob Marshall.
Margaret Mary Emily Hyra, que adotou o nome artístico Meg Ryan (sobrenome de sua avó), ao final dos anos 1970 cursou jornalismo na Universidade de Nova Iorque, considerada uma das mais importantes do mundo. Para reforçar o orçamento e se manter na caríssima “Big Apple”, atuava em comerciais para televisão. Entre 1982 e 1984, Meg Ryan participou da série de TV da CBS “As The World Turns”, que detém a marca de segunda mais longa “soap opera” (telenovela) da história, sendo exibida ininterruptamente por 54 anos, somente superada por “Guiding Light”, que durou 57 anos e está inscrita no Guinness Book of Records. Após atuar em telefilmes e em pequenos papéis na telona, brilhou como protagonista da hoje cultuada comédia romântica “Harry e Sally – Feitos Um Para o Outro” (1989), de Rob Reiner. Na sequência vieram “Sintonia de Amor” (1993) e “Mensagem Para Você” (1998), ambos de Nora Ephron, em que dividiu os holofotes com Tom Hanks e consolidou sua imagem de estrela de comédias românticas. Entre as diversas indicações recebidas na carreira venceu o prêmio American Comedy Awards na categoria Atriz Mais Engraçada em Cinema.
Sei que muitas estrelas e astros de sua preferência ficaram de fora, mas espero que os homenageados nestas duas colunas tenham sido suficientes para demonstrar o quanto uma mera ponta pode transformar para sempre a vida do intérprete.
Mário Efegomes Jr.
Fontes: Portais Google e Wikipédia
Santos (SP), 25.10.2021
Foto de Meryl Streep de 27.02.2023
*Natural de Santos, Advogado, cinéfilo e aficionado por música.