Impacto da pandemia no SUS
Por Alcione Marinho de Moura
Também houve uma redução importante do número de transplantes realizados, em comparação ao mesmo período do ano anterior. A suspensão de procedimentos eletivos, foi uma das medidas de reconhecimento nacional e internacional para preservar equipamentos de proteção individual, preservar leitos e evitar o colapso dos serviços de saúde.
O desafio agora será preparar o SUS para a retomada segura desses atendimentos. O impacto negativo na rede ambulatorial foi mais drástico nos primeiros dois meses, sendo reduzidos pela metade em todas as regiões brasileiras, principalmente em São Paulo e Minas Gerais.
Dada a sua dimensão, esse problema somente será resolvido com o envolvimento dos gestores, dos médicos e da população.
De um modo geral, a consulta especializada foi o procedimento ambulatorial mais afetado pela pandemia. Também foram afetados os atendimentos em centros de atenção psicossocial, exames importantes na prevenção contra o câncer, exames laboratoriais, radiológicos e radioterapia.
Há uma grande preocupação com os portadores de doenças crônicas, para que esses pacientes não abandonem os seus tratamentos, causando descompensação do quadro clínico ou agravamento da doença; em especial nos casos de doenças cardiológicas e oncológicas.
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) também advertiu para a não realização de quase 1,6 milhão de exames para a detecção precoce do glaucoma, considerado a principal causa de cegueira evitável no mundo.
O Instituto Alziras fez na semana passada um encontro para discutir a Saúde nos municípios: estratégias de gestão na atenção primária à saúde. Essa iniciativa visou a troca de experiências, formulação de propostas e análise do que funcionou entre as prefeitas brasileiras e gestoras de saúde.
Não existe uma solução para o enfrentamento dessa demanda reprimida que será imensa, vamos precisar urgentemente de um planejamento de atendimento. As gestões municipais também precisam iniciar essa discussão com os profissionais de saúde e com a população o quanto antes. As cirurgias eletivas vão precisar ser reclassificadas, algumas patologias mais graves vão precisar de mutirões de tratamento. Tendo em vista os recursos existentes para o SUS, somente ações imediatas e efetivas poderão evitar a tragédia que se avizinha.
* Alcione Marinho de Moura é médica, mãe, trabalhista e feminista.
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