Que não nos falte indignação!
por Prof. Marco F
Cada geração tem características próprias, não há uma que seja melhor ou pior. Quando envelhecemos, precisamos tomar cuidado para não nos tornarmos chatos e ridículos, ao emitirmos comentários do tipo " não há bons apresentadores de TV atualmente " ou os cantores de agora são piores do que os antigos ". Podemos sim imaginar que alguns fatores dificultam ou facilitam a prática de uma atividade em determinada época e que existem extraclasses, talentos únicos e insubstituíveis, que marcam gerações. Se Fittipaldi, Piquet e Senna não tivessem nascido mais ou menos na mesma época, não teríamos a impressão que os pilotos brasileiros de antigamente eram melhores que os atuais.
Gerações também são marcadas por seus nomes próprios, palavras e expressões. Quantas Eduardas com mais de 45 anos você conhece? E quantos Paulo Roberto adolescentes? Pergunte a alguém com mais de 40 anos, o que significa " cringe", gíria muito usada nos dias de hoje. Ou a um jovem da geração Z, se " batuta " é um elogio ou uma ofensa.
Quero refletir sobre o significado da palavra " empatia", muito usada por todos nós.
Colocar-se no lugar dos outros, entender suas ações, atitudes, compreender eventuais erros, dimensionar suas vitórias e sofrer com suas dores. Demonstramos empatia ao nos sensibilizarmos com as notícias que falam sobre aqueles que enfrentam a dor, a doença, as catástrofes e a fome. E devemos nos alegrar com as vitórias alheias. Mas não vejo as pessoas se importarem com outra tragédia, tão grave, de privar pessoas de educação de qualidade.
Estava ao lado do meu amigo, à época vereador em Santos, Prof. Igor Martins de Melo, assistindo uma apresentação musical, em que crianças pequenas, de 6 ou 7 anos, tocavam flauta em um bairro da periferia. Emocionante vê-las tão felizes e realizadas, mas quando voltei para casa comecei a pensar qual seria o seu futuro, o que a
vida lhes reservaria.
Infelizmente, algumas das pessoas que trabalham com educação, esquecem que são responsáveis pela formação das crianças e jovens, e que suas atitudes, opiniões e exemplos serão fundamentais para suas vidas. Tinha uns 14 anos e comentei com um professor que achava uma de minhas colegas da escola muito bonita. Indo além de suas excelentes aulas de Física, me incentivou a procurá-la, algo importante para mim naquele momento. Eu o admirava e ao se preocupar comigo, me fez forte para vencer o medo e a timidez.
O professor tem a missão nobre e única de estimular seus alunos a buscarem seus sonhos e lhes apresentar novos caminhos.
Não oferecer ensino de qualidade significa privar os pequenos de um futuro digno, melhor. A alegria dos pequenos músicos naquela tarde foi para alguns, infelizmente, apenas um momento isolado em suas vidas. Cheguei a pensar que alguns meninos simpáticos e meninas tão bonitinhas acabariam se envolvendo com o tráfico ou prostituição. Deveríamos pensar que para alguns não se abrirá caminho melhor. Isso deveria nos deixar muito aflitos. Falta-nos empatia!
Intervalo do Jornal Nacional. Surgem propagandas de carros possantes, com gente bonita, de sucesso, com dinheiro e poder. Na sequência, mostram-se um tênis, uma calça da moda, um celular, uma joia. Grande parte da população jamais terá acesso àqueles produtos, nem àquela vida.
Inevitável que os menores comparem a sua situação e questionem por que não podem ter aquilo que lhes oferecem. Pensamos em coisas caras, mas muitos não poderão comprar nem a margarina, bolacha ou presunto anunciados. São excluídos, vivem à parte da sociedade.
Mas são crianças...Então, pessoas erradas lhes mostrarão falsos caminhos para ter uma vida melhor.
Enredo previsível e conhecido de todos nós, que poderia ser modificado, se a escola exercesse seu papel, formando cidadãos e os fazendo sentirem-se importantes.
E a tal de empatia? Todos deveríamos nos preocupar, pensando em atitudes práticas para a melhoria da educação, principalmente em escolas públicas.
Incentivar a prática esportiva, envolver as comunidades em atividades culturais, valorizar os diferentes talentos, destacar a figura dos professores são ações simples que, se empregadas, poderiam mudar a triste situação que vivemos no Brasil. Como já foi dito por Darcy Ribeiro, " se os governantes não abrirem escolas, faltará dinheiro para construírem presídios".
Quero ouvir sua opinião. O que falta nas escolas públicas? Como valorizar a figura dos professores? Para você, o que é empatia? Por que os jovens não sentem prazer em frequentar as escolas?
Uma ótima semana!
MARCO F. EDUCAÇÃO
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* Prof. Marco F é bacharel em Química (IQUSP-SP), professor desde 1987, coach certificado (IBC), radialista e jornalista.
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