Talentos precoces
* Mário Efegomes Jr.
Se você se dispôs a ler esta coluna, presumo que goste de filmes e séries de TV. Sendo assim, é possível que nós, além de cinéfilos, compartilhemos a percepção de que atrizes e atores mirins têm carreira muito curta. Parece até consenso a suposição de que todo jovem ator, ao alcançar o estrelato, acaba abandonando precocemente essa linda profissão. Exemplos não nos faltam, de Shirley Temple a Macaulay Culkin.
No entanto, a história demonstra que nem sempre isso ocorre. Em minha pesquisa, constatei que o cinema, desde seus primórdios, nos deu inúmeros exemplos de talentos precoces que mantiveram uma longa carreira e farta filmografia. Para ilustrar, registro inicialmente o que ocorreu no icônico “O Garoto”, escrito, dirigido e protagonizado por Charles Chaplin em 1921. Coube a Jackie Coogan interpretar o papel-título, sendo que o ator tinha apenas 6 aninhos quando o filme foi concluído. Mesmo sem nunca igualar o sucesso obtido nesta sua estréia, Jackie seguiu atuando por toda a vida. Participou de programas e séries de TV, como a famosa “A Família Addams”, de 1960, e atuou em dezenas de filmes, sendo que o longa “Experimentos Humanos”, de 1979, tenha sido provavelmente a sua última participação na “telona”.
Judy Garland, que dispensa apresentação, ainda não havia completado 17 anos quando protagonizou “O Mágico de Oz”, de 1939. Todavia, desde a infância participava de shows em teatros, seja dançando ou cantando. Apesar de seu precoce falecimento aos 47 anos, deixou-nos um legado de dezenas de filmes, programas na TV e ótimos discos. Sua primogênita Liza Minelli seguiu seus passos, numa igualmente bem sucedida carreira de atriz e cantora.
Outra que dispensa apresentação é Elizabeth Taylor, atriz que tinha apenas 10 anos quando fez sua estréia na Universal, no filme “There’s One Born Every Minute”, de 1942. No ano seguinte, já na MGM, interpretou a menina Priscilla em “A força do coração”, da série Lessie (aquela cadelinha fofa da raça collie). Neste filme, o protagonista Roddy McDowall, que também teve uma longa carreira no cinema e TV, ainda não havia completado seus 15 aninhos.
Brooke Shield tinha apenas 12 anos quando fez sua estréia em “Pretty Baby”, filme de 1978. Kristen Dunst, fez igualmente sua estréia aos 12 anos em “Entrevista com o Vampiro”, filme de 1994, numa impressionante interpretação, contracenando com os astros Brad Pitt e Tom Cruise.
Natalie Portman, premiada pelo Oscar e Globo de Ouro, tinha somente 13 anos quando, em 1994, estreou no longa “O Profissional”, sob a direção de Luc Besson e dividindo a tela com ótimo ator francês Jean Reno. Mila Kunis contava apenas 15 anos quando estreou na série de TV “That 70”s Show”, em 1998. Essas atrizes protagonizaram o excepcional filme “Cisne Negro”, de 2010, e ambas mantêm até os dias atuais sólidas carreiras.
Chloë Grace Moretz tinha apenas 13 anos quando interpretou uma vampirinha no longa de terror “Deixe-me Entrar”, de 2010. Asa Butterfield, ainda mais precoce, tinha apenas 11 anos quando atuou em “O menino do pijama Listrado”, de 2008. Em 2012, ambos foram protagonistas do comovente “A Invenção de Hugo Cabret”, filme que considero uma das mais poéticas e sinceras declarações de amor à Sétima Arte.
Jodie Foster, vencedora de dois prêmios Oscar (melhor coadjuvante e melhor atriz), iniciou a carreira aos 13 anos, Leonardo DiCaprio aos 16 anos, Winona Ryder aos 15, Demi Lovato aos 9 e Zac Efron aos 12 anos. Ou seja, essa lista não se esgota.
Paro por aqui, pois creio que já deixei bem embasada minha tese. Na próxima coluna abordarei esse mesmo assunto, transpondo para o cinema e TV nacionais.
Espero que tenha gostado! Muito obrigado pela leitura e até breve!
Saudações!
* Mário Efegomes Jr. é natural de Santos, advogado, cinéfilo e aficionado por música.